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Presidente da COP30 propõe agenda de ação global para a conferência

 FABÍOLA SINIMBÚ

Publicado em 20/06/2025 - 12:43

Brasília

marcio ferreira/Ag. Pará

O presidente brasileiro da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), embaixador André Corrêa do Lago, divulgou nesta sexta-feira (20/06) uma nova carta propondo a definição de uma agenda de ação global a ser adotada pelos países signatários da Convenção do Clima (CQNUMC).


A proposta inclui 30 ações divididas em seis eixos como estratégia para a implementação do Global Stocktaking (GST) do Acordo de Paris — documento que avalia os objetivos do tratado multilateral.


O documento sugere que o GST deve se tornar uma espécie de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) em escala global e descreve a agenda como “um reservatório de iniciativas concretas que conectam a ambição climática com oportunidades de desenvolvimento em investimentos, inovação, finanças, tecnologia e capacitação”.


A inovação, ele observa, está na reversão do processo adotado em COPs anteriores, quando a construção da agenda fazia parte do processo de negociação. Este ano, a ideia é iniciar os debates a partir dos temas aprovados no GST, partindo para a implementação por consenso.


Os eixos são:


Transição de energia, indústria e transporte;

Administrando florestas, oceanos e biodiversidade;

Transformando a agricultura e os sistemas alimentares;

Construindo resiliência para cidades, infraestrutura e água;

Promover o desenvolvimento humano e social; e

Liberando facilitadores e aceleradores, inclusive em finanças, tecnologia e capacitação.

A iniciativa se soma a todas as outras estruturas projetadas para a COP30. A reunião será realizada em Belém em novembro. "Primeiro, a mobilização, a reunião de chefes de Estado, a negociação em si e a agenda de ações, onde estamos identificando uma forte oportunidade para acelerarmos a implementação", destacou Corrêa do Lago.


O documento destaca ainda que o Relatório de Síntese do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) — iniciativa que reúne cientistas para monitorar as mudanças climáticas — aponta que a participação de todos os setores globais, além dos governos signatários de acordos climáticos, amplia os benefícios alcançados de forma cascata e transversal, evitando medidas isoladas, fragmentadas e de impacto limitado.


Nesse sentido, Corrêa do Lago afirmou que a agenda se torna uma oportunidade para atores que não estão diretamente na mesa de negociação — como governos subnacionais, setor privado, academia e sociedade — assumirem a liderança das iniciativas. "Muitas vezes, é o setor privado, por exemplo, que se adianta ao governo na implementação de acordos", observou.


O texto também afirma que essas medidas devem ser elaboradas com flexibilidade e adaptabilidade a diferentes contextos geográficos, econômicos e sociais.


“A natureza multifacetada do desafio climático exige que soluções inovadoras sejam adaptadas de acordo com as circunstâncias regionais, nacionais e locais para beneficiar mais comunidades e países”, diz a carta de Corrêa do Lago.


De acordo com a carta, haverá uma "consulta inclusiva" com a participação de todos os setores, liderada pelos dois Campeões de Alto Nível da COP29 e COP30 — Nigar Arpadarai e Dan Ioschpe — com o objetivo de definir uma visão e um plano para os próximos cinco anos da agenda de ação. Grupos de trabalho também serão criados em cada área temática, com base nos resultados da COP30.


“As principais reclamações sobre o processo de negociação são que assinamos documentos e nada acontece, então a arquitetura que foi projetada para permitir a implementação do GST, aprovada por 198 países, ainda inclui 420 reuniões para a COP30”, acrescentou o presidente indicado para a COP30.


Aqui estão as 30 ações propostas pela presidência da COP30 para implementar o Balanço Global, divididas em eixos:


Eixo 1

1. Triplicar as energias renováveis ​​e duplicar a eficiência energética;

2. Acelerar tecnologias de baixa e zero emissão em setores difíceis de reduzir;

3. Garantir o acesso universal à energia; e

4. Fazer a transição dos combustíveis fósseis de forma justa, ordenada e equitativa.


Eixo 2

5. Investimentos para deter e reverter o desmatamento e a degradação florestal;

6. Esforços para conservar, proteger e restaurar a natureza e os ecossistemas com soluções para o clima, a biodiversidade e a desertificação; e

7. Esforços para preservar e restaurar oceanos e ecossistemas costeiros.


Eixo 3

8. Restauração de terras e agricultura sustentável;

9. Sistemas alimentares mais resilientes, adaptáveis ​​e sustentáveis; e

10. Acesso equitativo à alimentação e nutrição adequadas para todos.


Eixo 4

11. Governança multinível;

12. Construções e edifícios sustentáveis ​​e resilientes;

13. Desenvolvimento urbano resiliente, mobilidade e infraestrutura;

14. Gestão de águas; e

15; Gestão de resíduos sólidos.


Eixo 5

16. Promover sistemas de saúde resilientes;

17. Reduzir os efeitos das mudanças climáticas na erradicação da fome e da pobreza;

18. Educação, capacitação e criação de empregos para enfrentar as mudanças climáticas; e

19. Cultura, patrimônio cultural e ação climática.


Eixo 6

20. Clima e finanças sustentáveis, integração do clima em investimentos e seguros;

21. Compras públicas integradas ao clima;

22. Harmonização dos mercados de carbono e padrões de contabilidade de carbono;

23. Clima e comércio;

24. Redução de gases não-CO2;

25. Desenvolvimento e acesso a tecnologias climáticas;

26. Governança, capacidades estatais e fortalecimento institucional para ação climática, planejamento e preparação;

27. Inteligência artificial, infraestrutura pública digital e tecnologias digitais;

28. Inovação, empreendedorismo climático e pequenas e microempresas;

29. ​​Bioeconomia e biotecnologia; e

30. Integridade da informação em questões de mudança climática.

 


Tradução:

Fabrício Ferreira

Edição:

Juliana Andrade

policial30

Conferência do Clima

Belém

André Corrêa do Lago

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